quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Entrega


Era quem se debruçava sobre os patentes da paixão,
sem pudor nem remédio, se entregava feito suicida que procura morte sem saber a forma.

Era quem se emaranhava nos laços da luxúria, e se embebedava toda noite
pra dançar nua e sorrir pra Lua, como quem troca olhares de admiração.

Era quem sorria desavergonhada, sabendo-se desejada com o jeito inocente de quem quer ser devorada, e faz o jeitinho de quem quer não.

Era quem se roça sobre o peito do poeta sádico que se entrega estático para satisfazer os caprichos da menina com desejos de mulher.

Era quem sorria boba da janela da saudade, sentindo a entrega que não se faz pela metade, de um amante que vagueia entre os sonhos e a realidade de quem dobra os joelhos de euforia.

Era quem procura sempre o mais, e encontra sempre o dobro nas entrelinhas da verdade que se espalha na sacada onde os dois estão no chão.

Era quem se atirava sem consentimento sobre os desejos do menino denso, que de nunca fugir,aceitava a todo instante, nos instantes que se eternizavam pela viela da vida onde ainda não aprendeu a lhe dizer não.



Milfont, Gustavo


Recife, 18 de Outubro de 2013 às 00:15

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Desejo maciço, Vontade perene


O tempo passa rapidamente enquanto te repousas quieta e desnuda sob meu peito.
Embora lá fora todo o mundo exista, aqui não há razões para acreditar em tal afirmação.
Nossos corações ainda em um só ritmo, fora de órbita vagueando entre desejos e afirmações do corpo, da alma, de dois, de um, de nós.

Enquanto teu corpo branco refletia sobre mim a voracidade da urgência com que tudo acontece para nós, esse desejo maciço, essa vontade perene, me invadiam pouco a pouco a cabeça, habitando de forma desleal as paisagens que desfilam por entre os meus dias e noites.

A inquietação me consome enquanto buscas entre os olhares o meu beijo, enquanto me desejas e me consome, eu te devoro e me misturo, somos um entre gritos e sussurros, entre a explosão e a calmaria.

A tarde parece enrubescer para nos contemplar à meia-luz, vestida de vermelho, enquanto brindamos a sós um brinde que ninguém vai desfrutar, e cantamos uma canção que só nós sabemos, a melodia dissonante desse desejo que só nós sabemos como é à noite repousar sobre ele, e acordar emaranhado em seus braços indistintos com um sorriso estampado na pele, e a incoerência de desejar sempre mais.




Milfont, Gustavo

Recife, 09 de outubro de 2013 as 01:09


"Se embaraça comigo, sorri do jeito desastrado que eu tento esconder..."

:)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Vestigant

Ajoelhei-me diante do arcanjo e supliquei por sua espada,
O golpe veio, feriu, matou, libertou...
Retornei fora de mim, com o grito solto de uma voz que já não se ouvia,
e parei defronte do altar erguido em louvor à uma pureza quimérica, e orei pela última vez.
Terminada a oração, enxugadas as lágrimas que não vieram, era o tempo de acabar
com o tempo da beatificação.
Pedi perdão e permissão à Deus, ergui a clava, veio o golpe, peractum.
Nada resta além de humanidade.
Vitiis nemo sine nascitur.

Levantei-me, tirei a poeira, sorri.
Deixei de lado a antiga máxima, o que era velho,

e abri os braços para o novo:
 É hora de esquecer o ditado, Vanitas vanitatum, et omnia vanitas,

Não existe culpa, existem diferenças.
Não existe errado, existe humanidade.
Vincere cor proprium plus est quam vincere mundum.

Aprendi a voar.

Recife, 20.09.13


:)

domingo, 16 de junho de 2013

Espelho

Fecha os olhos e pula.
Abre as asas e voa pra longe,
É hora de deixar de se esconder,
É hora de viver.

A pressa bateu tua porta,
Se esconde, tudo tem sua hora.
Não se adianta, vai com calma,
se joga com calma.

Respira fundo, olha nos olhos do tempo,
sente o vento de abraçar,
enxerga a vida diante de ti,
e vai de encontro ao amanhã,
um salto de cada vez.

Fecha os olhos e pula.


Verde, Gustavo

terça-feira, 11 de junho de 2013

Vários tons de fogo
















Vários tons de fogo
Pra tentar definir
Teu sorriso
É angelical

Tanto paraíso que se esconde aí
Por detrás desse véu labial

Se pecado é desejar te tocar
Estou fadado a me auto condenar
E ainda assim eu quero...

Vá de retro ou não respondo por mim
É mais forte, em fim, o animal
Que desperta e devora a razão
Ante assuntos de cunho carnal

Minha ama, mas
Se quiser se entregar
Chegue perto, me forneça seu altar
E além do mais
O que é sexo?
Vários tons de fogo


Armando, Diego

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Novidades demasiadamente humanas

Saudações, meus caros!

Hoje temos o prazer de apresentar mais um demasiadamente humano, que desta data adiante escreverá conosco.
Se chama Diego Armando, e em suas veias corre poesia musicada, gritada e sofrida.
Mas também corre a alegria de dividir a explosão de tudo que é "poesiar" entre amigos.
Seja bem-vindo, beloved bro.


Poesiando

Poesiando

É tão incerto
É mediano
Poesiando, poesiando

Cheguei alegre
Eu vim cantando
Poesiando, poesiando

Formei um trio
E um triângulo
Poesiando, poesiando

Agora eu vou
Me dispersando
Poesi ando, poesi ando.





 Armando, Diego




quinta-feira, 30 de maio de 2013

Não Suicide



Solta a poesia que está presa feito grito na garganta,
se mostra, não nega a essência do teu ser.
Não adianta sufocar o que te pede cada sonho,
não adianta assassinar, não se mata o que não se toca,
não suicide.

Sintetiza, expurga, expulsa, vomita, exala, grita, cospe, não maltrata,
não esconde o teu grito, não foge do que tu és.

Aceita a benção, aceita a sina, agradece o teu fardo, a poesia que te fere, ilumina.
Levanta olhos, mesmo inundados, canta o teu pranto,
não esconde a dor do mundo, não finge, não renega.

Abre o teu peito e mostra as feridas,
Abre teus ouvidos e escuta o sussurrar,
recebe de braços abertos à poesia que te mata,
abraça e dorme junto daquela que te faz acordar.

Verde, Gustavo